sábado, 26 de março de 2011

Amo-te (L'


     Desenhei palavras vazias. Corri três rascunhos, parei ofegante. Revisei imaginação, aparei as pontas dos dedos, fiquei tentado encontrar uma maneira de emendar poemas. Tomei estrada, dirigi textos sem rumo, além do horizonte de dentro de mim. Apertei acelerador das mãos, atropelei uma saudade que atravessava a rua. Passei para visitar um rascunho antigo, a casa tava imunda. Notei um poema semeando na mão direita, animei a esquerda, curvei as costas dos braços, puxei o teclado tentando fazer germinar. Rabisquei um grito, confundi o inicio, briguei com a segunda estrofe, apanhei de uma antítese, sai para procurar uma analogia melhor. Irritado, memorizei a origem da inspiração para saber exatamente onde não voltar a consultar. Tentei hidratar algumas idéias secas guardadas na gaveta, procurei por palavras potáveis. Caminhei em círculos por versos, fiquei tonto, mas não parei.

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